A Cidade - Itapecerica

HISTÓRIA 
Nascida no final do século XVII e situada no coração do Vale do Itapecerica no Centro-Oeste de Minas, a cidade foi o décimo município criado na Capitania de Minas Gerais, hoje Estado de Minas Gerais. Foi fundada pela bandeira de Lourenço Castanho Taques, bandeirante paulista que partiu de Taubaté (SP) em 1696. Surgiu, portanto, de uma trilha de bandeirantes que saía de Tiradentes e levava até o Estado de Goiás, no início da exploração aurífera.
 
O nome da região onde hoje é o município de Itapecerica ficou conhecida na época como Conquista do Campo Grande da Picada de Goiás, e servia como local de descanso para os bandeirantes e exploradores de ouro que cruzavam a região com destino ao Estado de Goiás. No início do século XVIII, o bandeirante Feliciano Cardoso de Camargo resolve explorar na cidade, que até então era apenas ponto de passagem. A região era realmente muito rica em ouro, atraindo exploradores que fixaram suas famílias no local, formando um arraial.

No dia 30 de maio de 1744, a Câmara da Vila de São José Del Rei, hoje Tiradentes, se apossa do arraial, com grande interesse no ouro e no crescimento da região. O lugar recebeu o nome de Arraial de São Bento, devido à fé que os habitantes tinham no poder de proteção de São Bento  contra os animais peçonhentos que habitavam o então arraial. Em 15 de fevereiro de 1757 é criada a Paróquia de São Bento, sendo o primeiro vigário o padre Gaspar Álvares Gondim. Muito popular, o vigário atraiu muitos fiéis para a recém criada paróquia e desde então a religiosidade é marca do povo.

Em 20 de novembro de 1789, o arraial é elevado à posição de Vila, por determinação do então Governador das Minas Gerais, Visconde de Barbacena. Comemora-se nesta data o aniversário de Itapecerica e 1789 é considerado o ano de sua fundação. Em 18 de janeiro de 1790 é erguido o pelourinho atrás da Igreja Matriz e posteriormente eleita a primeira Câmara da Vila.

E percorrendo este caminho, em 1819, Saint-Hilaire descreve no livro Viagem às Nascentes do Rio São Francisco, a "Fazenda Cachoeirinha" de propriedade de João Quintino de Oliveira, Capitão-Mór da Vila de Tamanduá, que comandou Itapecerica de 1803 até sua morte em 1844:

"A propriedade de CACHOEIRINHA, situada um pouco antes de TAMANDUÁ, tem três léguas de comprimento por duas de largura. Vi aí uma quantidade considerável de gado vacum, de porcos e carneiros. Seu proprietário, o Capitão-Mór JOÃO QUINTINO DE OLIVEIRA, vendera nesse ano, no Rio de Janeiro, porcos no valor de dois contos de réis. Era um homem educado e cuja mesa atestava de sobra a sua riqueza. Não obstante a casa que ocupava era quase tão mal cuidada e modesta quanto as que eu vira em todas as outras fazendas. Ficava situada, como as senzalas, ao fundo de um vasto terreiro e rodeada por mourões que tinham a grossura de uma coxa e a altura de um homem, tipo de cercado muito em uso na região. Da varanda, bastante ampla, em cuja extremidade fora erguido um pequeno oratório passava-se para uma grande peça coberta de telhas-vã e de paredes sem caiação, cuja mobília constituía-se em alguns bancos de madeira, tamboretes forrados de couro e uma enorme talha com um caneco de ferro esmaltado para retirar a água. Os poucos quartos que davam para esta sala eram pequenos e não apresentavam mobiliário mais variado.".

No dia 04 de outubro de 1862 a Vila é elevada à condição de Município, com o nome de São Bento do Tamanduá, permanecendo assim até 1882, quando então o nome passou a ser Itapecerica, nome este originário do Tupi-Guarani e que significa “pedra lisa e escorregadia" ou "penhasco de encosta lisa”.

Seus principais monumentos histórico-culturais são seu centro urbano, onde ainda persiste o casario de estilo colonial, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Igreja de Nossa Senhora das Mercês, Igreja de São Francisco e a Matriz de São Bento.

Outro ponto de destaque, é o casarão colonial bicentenário da Fazenda Palestina, que foi recentemente restaurado e adaptado para o turismo rural.

A Semana Santa em Itapecerica, marcada pela viva tradição, é algo surpreendente. Não tão somente a religiosidade popular manifesta em sua população, que piedosamente acompanha cortejos e procissões, mas também pela imensa bagagem cultural, expressa pela participação da bicentenária Corporação Musical Nossa Senhora das Dores e da Centenária Corporação Musical Santa Cecília. Além disso, a seriedade litúrgica e o espírito católico desta época fazem destas celebrações grande atrativo turístico para a cidade.

Merece destaque o Setenário das Dores de Nossa Senhora, celebrações feitas na semana anterior à Semana Santa, vivenciando toda a caminhada da Sagrada Família, de modo especial, o sofrimento de Nossa Senhora com o martírio de Jesus. Cada um dos sete dias em que são feitas as celebrações é dedicado a um dos passos de Jesus na sua Via Crúcis. São entoados cânticos em latim, com acompanhamento de músicos das tradicionais bandas locais.

Na última semana de maio ou na primeira semana de junho acontece o Festival de Gastronomia Rural e na última semana de julho a cidade oferece o Festival de Inverno, ambos eventos considerados molas propulsoras do turismo local, atraindo pessoas de todas as idades.

Itapecerica é tudo isto e muito mais. É história, é tradição, é religiosidade.